segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

L'Officiel Hommes nº 04/2014 (Alemanha) - Tradução completa!

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Depois de anos de exílio, o Tokio Hotel está fazendo turnê novamente e a indústria cultural está chorando. Chega de hipocrisia agora. Uma reverência (gentil) à banda de maior sucesso da Alemanha.

Bill e Tom Kaulitz são como zeros à esquerda para os berlinenses que entendem de estilo, que gostam de acessar blogs de design à tarde e beber café coado. Eles não suportam Tokio Hotel, é claro. Para eles é chato, provincial. O que não faz nenhum sentido na opinião de nossa equipe editorial.

Você não imediatamente tem que comparar esta banda com os Beatles, como fez a "Der Spiegel" (famosa revista alemã), para reconhecer quão notável e rápida foi sua ascensão do subúrbio alemão para uma super banda internacional. Seu estilo ainda é especial hoje em dia, mas definitivamente diferente, não é o resultado de uma estratégia de marketing. Este repórter conseguiu algo raro e se sentou com dois agradáveis e reflexivos rapazes de 25 anos em um quarto de hotel caro, para falar sobre música e a vida. O lema dos irmãos Kaulitz, que moram em LA agora, é um clássico da música pop: se empenhar para sair da periferia em direção a cidade grande, para ser livre lá. Ainda há poder nessa narrativa, mesmo que possa parecer desgastada. Isso se reflete no título do novo álbum do Tokio Hotel, "Kings of Suburbia", que foi produzido por eles mesmos em um período de quase seis anos, o que mostra sua humildade diante da fama.

Em um dos primeiros dias do outono, a Universal me convidou para fazer uma entrevista no hotel "Ritz Carlton", em Berlim. Em frente ao hotel, há um grupo de curiosos que estão penetrante e invejosamente examinando todos que estão no hall do hotel remobiliado. Através de corredores sem janelas sou levado para a suíte de imprensa. Bill e Tom Kaulitz estão sentados casualmente na janela, com o olhar fixo, o ambiente é descontraído. Uma conversa sobre crescer no subúrbio, liberdade e a vida em uma metrópole.

À pergunta de um jornalista, se vocês tiveram uma adolescência normal, vocês responderam com "Sim, é claro que tivemos!" É difícil acreditar nisso.
BK: Nós só notamos que não foi este o caso no processo da nossa carreira. Quando tínhamos 15 anos nosso primeiro single "Durch den Monsun" foi lançado e, ao contrário do que todos nós esperávamos, fez muito sucesso. Não tínhamos um plano naquela época, de repente ficamos famosos durante as férias de verão. Nós só reagimos.
TK: No início foi ótimo. Mas quando você fica mais velho, você percebe que não há mais vida fora dessa bolha. Ontem nós queríamos ir ao bar do hotel e, poucos segundos depois, mil pessoas estavam na janela. O cara do bar fechou as cortinas e aí ficamos sozinhos no canto de novo, como em um zoológico. Dessa forma, você não consegue mais viver, é claro.

Muitas celebridades percebem isso tarde demais e aí acordam como alcoólicos no final dos anos 40, em um daqueles bares de hotel.
BK: É isso mesmo, é claro que há colegas que encaram isso e não visam outra coisa. Até mesmo para nós, nossa equipe se tornou a nossa família e nosso círculo mais próximo de amigos.
TK: Essa é a zona de conforto. As pessoas devem estar se perguntando "Do que eles estão reclamando?", mas nosso objetivo é fazer música pelo resto das nossas vidas. E você só pode fazer isso de uma forma saudável se encontrar um equilíbrio. Talvez como o Rammstein. Metade da banda tem uma vida familiar normal em Nova York, eles são pais de família. E quando saem em turnê, eles são os roqueiros.

Naquela época quando vocês ficaram famosos durante o verão, seu visual não era normal, mas era apresentável. Isso foi um problema?
BK: É claro que eu provocava com o meu visual, eu até ia para a escola daquele jeito e sempre tive problemas com outros alunos e professores. Talvez, sutilmente, eu até tinha a intenção de provocar para me afirmar. Esse sentimento de liberdade e auto-determinação são as coisas mais importantes para mim. Eu não vou deixar que ninguém me diga que homem não pode usar sapatos de salto alto, ou pintar a unha ou até mesmo usar maquiagem. Mas voltando à sua pergunta: Hoje eu li sobre a nossa performance no "Wetten, dass...": "A mulher sem seios usando uma camisa de redinha." Eu fui definido assim. É claro que não me importo. Mas, obviamente, meu visual ainda é provocante.

Tom, no making-of do clipe de "Run, Run, Run", há um momento bonito e pessoal em que o Bill maquia seu rosto. Você também sempre se vestiu de forma diferente, mas o Bill era ainda mais excêntrico.
TK: Totalmente.

Vocês já conversaram sobre isso?
TK: Na verdade, não. Isso se desenvolveu muito cedo com a gente. Nós sempre nos vestimos diferente - já aos 13 ou 14 anos.
BK: ... às vezes havia problemas. Naquela época, Tom era...
TK: ... seu extremo oposto. Eu era punk e bastante rebelde, usava camisetas do Che Guevara e tinha dreads...
BK: ... ele estava em sua fase punk, e eu na minha fase raver-neoprene.
TK: Era assim também no palco. Bill usava neoprene [N/A: Tipo de tecido], eu uma camiseta do Che Guevara. E todo mundo pensava: "Que tipo de banda é esta!" E as pessoas ainda pensam isso hoje em dia.

Com certeza vestir-se excentricamente em um subúrbio não foi fácil...
TK: Primeiro nos mudamos de Hannover para Magdeburg e fomos para a escola lá. Nós já nos vestíamos de forma diferente no primário. Magdeburg é uma cidade em que as pessoas não têm necessariamente um senso de moda distinto, mas nós tínhamos. Quando nossos pais se mudaram com a gente para uma aldeia, então, pelo menos no início, isso se tornou muito hardcore.
BK: Foi muito louco. Hoje eu penso muito nessa época. Como uma pessoa jovem e adolescente, você não pensa muito sobre isso, você tem uma auto-confiança muito forte. Em retrospectiva, eu fico feliz por não ter quebrado a cara.
TK: Muitas vezes isso quase aconteceu.

Vocês já se envolveram em violência?
TK: Definitivamente, às vezes nosso padrasto tinha que...
BK: ... nos buscar com o cachorro e um taco de beisebol. E todas as manhãs no ônibus, as pessoas olhavam para nós como se fôssemos extraterrestres. Eu queria sair de lá o mais rápido possível. Isso era claro, definitivamente. Era isso o que causávamos com todas as coisas que fazíamos. Nós queríamos ir para a cidade grande. Berlim, de preferência.

Isso é quase um clássico. Como Lou Reed e John Cale cantam "There’s only one good thing about a small town, you know that you wanna get out" (Só há uma coisa boa sobre uma cidade pequena, você sabe que quer sair de lá).
TK: Absolutamente. Era o que mais queríamos. É por isso que nos apresentávamos como uma banda todo final de semana, queríamos ser famosos, para que um dia pudéssemos viver da nossa música.

Como é a atribuição de papéis entre vocês?
BK: A respeito da banda, agora é o Tom quem cuida de tudo relacionado a música. Tanto sobre a produção no nosso próprio estúdio em LA, quanto sobre as apresentações ao vivo. Eu prefiro cuidar das coisas visuais, como ver quais entrevistas queremos fazer e com quem, qual clipe ou sessão de fotos.
TK: Na nossa vida privada eu diria que sou o responsável em ser realista e o Bill é o sensitivo. Eu sempre tenho que dirigir para o Bill.
BK: Nosso bisavô sempre leva o Tom para um canto e diz "Tom, não deixe o Bill dirigir".
BK&TK: "... e sempre cuide do dinheiro!"
TK: Ele fez 104 anos e sempre diz isso. Na verdade, ele está um pouco certo.

Vocês não se dariam bem sozinhos?
TK: Não, nós compensamos um ao outro.
BK: Mas tenho que dizer que o Tom é ainda mais dependente do que eu.
TK: Eu acho que o Bill quer acreditar nisso.
BK: Não, é verdade! Todos os nossos amigos dizem isso.
TK: Eles só falam isso porque acham engraçado.
BK: Na verdade, é bem fofo. Ele não faz nada sem mim. Eu posso ir sozinho para Nova York, passar alguns dias lá, mas quando o avião pousa, eu já recebi 20 mensagens do Tom: "E aí? Você teve um bom voo? Mande-me algumas fotos, ok? Da próxima vez eu vou com você".
TK: Claro, porque eu me preocupo. Ele está interpretando isso agora como se eu não me virasse bem sozinho sem ele. Mas, para mim, é mais como uma síndrome de irmão mais velho.
BK (risos): Que mentira!
TK: Eu sempre tinha que protegê-lo quando alguém queria bater nele.
BK: Oh, que besteira!
TK: Você poderia finalmente admitir isso!

Vocês sempre se preocuparam com sua própria gestão, além disso, vocês construíram um estúdio em LA. Pode ser um tipo de liberdade, mas também é um peso grande.
BK: Totalmente. Mas Tom e eu sempre tivemos a língua afiada. Na Universal, nós íamos para as reuniões da gravadora quando tínhamos apenas 13 anos. Com 15 nós basicamente éramos donos de uma grande empresa. Você tem advogados, consultores fiscais, managers, todos eles estão em sua folha de pagamento, então você tem responsabilidade. Claro que isso pode ser super cansativo. Mas se der errado, pelo menos eu sei de quem é a culpa.

Depois de anos fazendo turnê, vocês se mudaram para Los Angeles há algum tempo. Por favor, descrevam suas primeiras impressões de lá.
BK: As primeiras vezes que fomos a LA, nós pensamos: "Incrível, férias!" Mas, para mim, é mais uma cidade para onde você deve se mudar quando está cansado do trabalho, quando só quer descansar.
TK: Em LA é assim. Você sai, encontra seus amigos e os amigos dos seus amigos, e todos contam primeiro a sua história de sucesso. Não há nenhuma cidade que impulsione o sucesso tanto quanto LA. Não tem fim.
BK: Você sai e primeiro compara os seguidores do Twitter, amigos do Facebook, curtidas no Instagram. Sempre esperamos que ninguém se aproxime de nós.

Como a cidade influenciou vocês visualmente?
TK: Em público eu sempre digo que a cidade não nos influenciou em nada. Mas é claro que você acorda se sentindo diferente lá. O sol brilha todos os dias. A visão de todo dia é céu azul e palmeiras.
BK: Mas LA não é uma cidade da moda. Isso anda me incomodando. Todo mundo usa chinelo, shorts e tops. Você tem que tomar cuidado para não se vestir à la LA depois de um tempo. Nova York é muito mais inspiradora neste quesito.

Na Alemanha, as pessoas que se interessam por moda ainda são geralmente vistas como estúpidas ou superficiais.
BK: Mas a moda é super importante. Para mim ela anda de mãos dadas com a música. A moda te transforma. Eu fico de bom humor quando crio roupas. Mas deve ser sempre natural. Por causa disso, nós não vestimos Georg e Gustav com roupas loucas, isso seria estúpido. Gustav não se importa com moda.
TK: E em relação ao Georg, a coisa mais importante é a camiseta dele não ser muito longa, para não atrapalhá-lo enquanto toca o baixo.

Vocês trabalharam por quase seis anos em seu álbum mais recente. Como a sua música mudou neste tempo?
TK: No decorrer do álbum, nós lidamos muito com o design do som, sintetizadores e efeitos. Como produzir uma música muito boa, que tenha baixo-bateria, e efeitos ao mesmo tempo, isso foi extremamente emocionante e nos levou além. Nós aprendemos quase tudo sozinhos desde o início. Nenhum de nós aprendeu a tocar seu instrumento profissionalmente, ninguém toca com notas. Eu ganhei uma guitarra quando tinha 7 anos e toco só de ouvido. Muitas vezes eu tenho a sensação de que os profissionais sabem muito. E todo esse conhecimento também pode te atrapalhar, às vezes.
BK: É assim que a música sai de moda muito rápido. É parecido com a atitude de músicos alemães no início dos anos 80. Bateristas como Robert Görl do DAF disse, é claro, estávamos na estufa e agora temos que esquecer tudo isso de novo.
TK: Sim, exatamente! Senão fica muito técnico.
BK: Eu fiz aulas de canto nesse meio tempo. Mas sempre abandonei após a primeira aula. Tudo começou assim: "No palco você tem que se arrumar como um papelão." E então você fica parado lá e pensa: "O quê? Eu uso uma grande jaqueta e corro de A para B, eu não me arrumo como um..."
BK&TK: "...papelão!"

Até mesmo em moda, fotografia de moda, você tem a impressão de que as pessoas começam a retocar menos.
BK: Exato. As pessoas sempre fizeram muito isso [retoque], mas isso precisa parar. Senão vamos todos nos tornar robôs e tudo vai ficar artificial.
TK: As pessoas muitas vezes pensam que é uma contradição o que dizemos, porque eles dizem que o novo álbum é muito eletrônico, não há nada mais puro. Mas é mais difícil tocar um sintetizador do que uma guitarra. E uma guitarra não é necessariamente mais natural do que um sintetizador.

Vocês ainda se sentem pressionados para estar sempre em primeiro lugar nas paradas?
BK: Nós estamos mais relaxados hoje, esse já é o quarto álbum.
TK: Para nós, a soma das posições das paradas é o que conta. O mais importante para mim é trabalhar com este álbum por um longo tempo. Nos custou muita energia. Portanto, eu quero lucrar com ele o máximo de tempo possível.



Tradução original: Herzblut @ TokioHotel_Info
Tradução para Português BR por: Naah - LdSTH

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