terça-feira, 21 de outubro de 2014
Stern.de: Amizade, sexo, dinheiro e tudo mais
Depois de uma pausa de quatro anos, Bill e Tom falam com a gente sobre sua vida depois de fugirem da Alemanha. Gustav e Georg estão felizes pela banda ter continuado. Por Sophie Albers e Ben Chamo
Como se sentem agora depois da sua primeira coletiva de imprensa e do primeiro contato com os fãs depois de terem feito uma pausa de quatro anos?
Bill: Foi um longo dia, mas foi bom. Falamos sobre isso no carro: tudo correu muito bem.
Tom: Claro que há dias que não correm tão bem. Tento sempre não perder minha linha de raciocínio, mas às vezes há aqueles dias em que os entrevistadores só querem nos aborrecer. Mas hoje: tivemos um bom feedback, tivemos boas conversas.
O quão próximos vocês têm estado nos últimos quatro anos?
Georg: Muito próximos, na verdade.
Tom: Simplesmente perto, como de costume. A única diferença é que não saímos muito uns com os outros. Já somos amigos há 14 anos, por isso não há muito mais para acontecer que possa mudar isso. Podemos passar dois ou três meses sem nenhum contato. Mas sempre que nos encontramos, parece que foi ontem que nos vimos pela última vez.
Mas estão geograficamente distantes.
Georg: Nós também passamos algum tempo lá, falamos por telefone e conversamos via Skype. Estamos sempre em contato.
Gustav: Se não estamos próximos fisicamente, então nos vemos por Skype.
Vocês conseguiriam viver apenas com o que ganharam do sucesso que tiveram anteriormente? Poderiam ter se aposentado agora?
Bill: Depende da forma como se quer viver. Depende das nossas exigências. Sinceramente nunca pensei muito nisso.
Tom: Depois de lançarmos "Monsun", poderíamos ter uma vida razoavelmente normal até o último dia de nossas vidas. Mas isso nunca foi um problema, uma vez que investimos muito do dinheiro que fizemos na nossa carreira. Temos pessoas e empresas que trabalham para nós desde os nossos 15 anos...
Que tipo de empresas?
Tom: Empresas de bandas. A banda é o nosso grande amor e da qual vivemos. Investimos muito tempo e dinheiro nas produções dos nossos palcos e clipes. Fazemos isso desde que começamos. Sempre foi muito importante para nós. Nunca fizemos nada para termos o máximo de lucro possível. Em turnê, muitos dos nossos parceiros nos perguntam por que investimos tanto dinheiro nas nossas produções de palco.
Vocês têm saudade de estar no palco?
Gustav: Sim.
Bill: Claro! Totalmente! Fomos a alguns concertos nos EUA e vimos outras bandas ao vivo. Eu sempre pensava: "Aaaah, também quero estar no palco!"
Gustav: Ficamos com os olhos marejados.
Bill: É claro que às vezes é legal estar do outro lado e poder relaxar totalmente. E acho que também se pode aprender muito quando vê as merdas que as bandas fazem no palco. Quando se está lá de pé sem fazer nada, às vezes não sabe como o público encara isso. Gostei de ir ao festival Coachella sem ter aquela pressão de estar prestes a subir no palco e cantar. No estado em que às vezes eu me encontrava, isso nem seria possível. (risos)
Tom: Também ficamos sempre nervosos antes de subirmos ao palco.
O quê? Mesmo depois de todos esses anos?
Bill: Oh, sim. Quando estamos em turnê, sou a pessoa mais nervosa do mundo. Fico tão nervoso que às vezes até tenho medo de desmaiar. Pareço outra pessoa. Ninguém pode se aproximar de mim porque fico muito concentrado.
Georg: Ficamos obcecados com isso.
Bill: Uma hora e meia antes do concerto tiramos um tempo só para nós. Nada de entrevista nem de fotos. Porque ficamos muito nervosos.
Gustav: Esses três ficam tão nervosos, que eu tenho o meu próprio espaço. Eles ficam tão obcecados, parecem malucos. É muito chato.
Bill: Mas você também fica nervoso.
Gustav: Sim, mas apenas me desligo das coisas 20 minutos antes.
Bill: Mas depois quando estou no palco, fica tudo bem outra vez. A pior parte é antes de subir ao palco. E não há nada melhor do que isso.
Vocês escolheram o dia 3 de outubro para o lançamento do álbum de propósito? Foi por causa da reunificação da Alemanha?
Bill: Não, apenas reparei nisso quando me disseram.
Tom: As lojas abrem nesse dia para as pessoas poderem comprar o CD?
Georg: Não, esse é o problema.
Tom: Lançamos o álbum nesse dia e ninguém pode comprar?
Mas podem fazer o download. Foi difícil voltar? Georg e Gustav, vocês, entretanto, têm tido uma vida menos "selvagem". Mas também têm que tomar uma decisão: voltar à loucura ou não?
Georg: Sinceramente, nunca me questionei sobre isso. Sempre foi claro para nós que iríamos fazer algo juntos e iríamos voltar para a estrada outra vez.
Tom: Simplesmente queríamos passar um tempo sem trabalhar em um novo álbum. Não foi o fim da banda.
Georg: Nem pensei nisso durante um segundo sequer. "O que vou fazer agora? Estudar gestão de empresas?" (risos)
Bill: Parece que foi muito tempo para todas as pessoas. Em 2011 ainda estávamos em turnê e depois, durante um ano, não fizemos nada e em 2013 estávamos planejando lançar o nosso próximo álbum. Mas, de última hora, decidimos não lançar porque nossas sessões no estúdio estavam sendo ótimas. Os quatro anos que passaram não foram planejados. Nunca dissemos que iríamos fazer uma pausa. Simplesmente não sabíamos quando e como iríamos continuar.
Quando você fez essa tatuagem na mão?
Bill: Assim que me mudei para L.A.
Gustav: Essa já é velha.
E por que algo tão mórbido? (é um esqueleto na mão)
Tom: Orgulho de ser feio.
Bill: Pensei que fosse algo bonito. Queria ter uma tatuagem que cobrisse a minha mão inteira e encontrei um tatuador em L.A. que gostei muito. Também foi ele quem fez as minhas outras tatuagens.
Na coletiva de imprensa, vocês já foram rotulados como os representantes da "geração das selfies". Isso significa alguma coisa para vocês?
Tom: Por enquanto, sim. No início ainda queríamos imprimir cartões autografados. Depois vimos que isso não fazia mais sentido porque as pessoas hoje em dia só querem tirar selfies. Ainda somos do tempo em que todos queriam ter algo autografado, mas agora os tempos mudaram.
Bill: Sim, às vezes ainda nos sentimos antiquados. Quando começamos, não havia Facebook, Twitter nem Instagram! Há dez anos, quando lançamos o álbum "Schrei", as pessoas levavam o álbum na mão e queriam que o autografássemos. Hoje em dia ninguém mais quer autógrafos! Às vezes acontece de alguém pedir para tirar uma foto comigo e eu digo "Agora não dá, mas posso autografar algo para você". E depois a pessoa diz "não, não quero". Durante muito tempo, não tivemos contas nas redes sociais. Mas agora já temos. Tudo mudou.
Tom: Mas acho que essa mudança é boa. Também tem pontos positivos. Já reparamos que agora os artistas têm as suas próprias redes sociais e podem controlar as coisas de um modo bastante diferente do que antes. Podemos postar aquilo que quisermos e quando quisermos.
Bill: Ontem mesmo nós ativamos o Instagram do Tokio Hotel.
Os seus clipes têm sido considerados muito controversos. Por que vocês estão contra as pessoas que os descrevem como provocantes?
Bill: Simplesmente não entendo a indignação com o clipe de "Girl Got A Gun"!
Tom: Não esperava isso. Pensei que o achassem atípico.
Eu achei engraçado.
Bill: Exatamente! Muitas pessoas o levaram a sério demais. Meu Deus, onde essas discussões vão parar?! Achamos que aquele bicho de pelúcia seria uma boa piada. Mas não deveria ser polêmico o fato de ele ter um pênis.
Já discutiram isso na banda? Não achou engraçado, Georg?
Georg: Todos nós achamos engraçado. Para nós foi mais importante ter um diretor legal para esse clipe.
Bill: Além disso, houve um grande intervalo que separou o momento em que vimos os clipes e a capa [do single]. Não planejamos um "pacote". Há que olhar para as coisas individualmente.
Tom: A capa de "Love Who Loves You Back" foi ideia minha. Encontrei-a na Internet e não conseguia parar de rir. Achei que fosse perfeita.
Mas isso é meio cínico.
Tom: Para mim, tem uma certa profundidade. Olha, eu, por exemplo, só encontrei o meu amor depois de vários anos vendo pornô na Internet. Usando o mouse do computador. Tal como na imagem.
Bill: Há muitas pessoas por aí que encontram seu amor na Internet. Assim como também há muitas pessoas que só viram pornô na Internet uma vez na vida. Achamos que se encaixava.
Tom, mas isso não é engraçado. É triste.
Tom: Mesmo assim, achamos que a capa do single é engraçada.
Bill: Ela tem um significado. Sempre decidimos a capa e os clipes no momento em que gravamos as músicas. E então depois é que temos a ideia. Não queremos dar às pessoas um "pacote de sexo". É isso que a mídia está querendo passar, mas se vermos bem, há mais do que isso.
(Bill, sem querer, bate o pé na mesa com os seus enormes sapatos)
Bill, uma pergunta de mulher para...
Tom: Mulher. (risos)
Esses sapatos machucam?
Bill: Oh sim, eles são extremamente desconfortáveis. Quando estávamos indo embora, quase caí no chão porque havia muitas pessoas e o Pumba me puxou. Quase tirei eles [sapatos].
Mas por que está fazendo isso com você mesmo?
Bill: Porque eles são muito legais. Às vezes temos que fazer isso. Sempre fui apaixonado por sapatos incomuns. A minha mala de sapatos é maior do que minha mala de viagem.
Tom: Você simplesmente não é apaixonado por sapatos bonitos.
Voltando ao assunto sobre sexo e "Love Who Loves You Back". Basicamente, acho que o lema "ame quem quiser, independentemente da idade, aparência e orientação" é ótimo. Mas o amor não é mais que o sexo? E isso nos leva outra vez à pornografia na Internet.
Tom: Muitas vezes, um grande amor começa com sexo.
Bill: Verdade.
Gustav: Você também não quer comprar gato por lebre.
Georg: É uma parte importante do amor. Não existe um bom amor sem um bom sexo.
Tom: Ainda estamos naquela fase em que temos uma vida sexual muito ativa.
Gustav: E depois tem a Internet outra vez.
Vocês ficaram desapontados pelos seus fãs estarem tão sossegados na coletiva de imprensa?
Bill: Eu ainda nem pensei nisso. Mas não acho que seja negativo. Acho que nos concertos vai voltar a ser como era. Hoje a imprensa estava lá então eles se contiveram mais. Mas eu me senti bem. Os ingressos foram sorteados exclusivamente para alguns fãs.
Também poderiam ter facilitado um pouco isso.
Tom: Mas foi para conter a histeria... Não há praticamente nenhum público que seja mais enérgico do que aquele que tivemos. E não estou dizendo que quero pessoas que só aplaudam e não gritem mais. Para um artista que está no palco, não há sensação melhor do que quando as pessoas vão à loucura. Em privado, já é outra história.
Por enquanto, L.A. ainda vai continuar sendo sua casa?
Bill: Sim. Embora eu queira muito ir para Nova York. Amo essa cidade. L.A. é meio entediante. Quero ter uma vida e me aventurar. Sempre penso que estou perdendo muitas coisas.
O que é a vida?
Bill: Não sei. Mas, para mim, começa sempre com o fato de quando estou em casa sem fazer nada no fim de semana, não consigo ficar em casa descansando e vendo um filme. Quero sempre sair e me socializar. Gosto de estar rodeado de pessoas. Também temos sempre visitas em casa. Gosto de ter a casa cheia.
Tom: Por enquanto, vamos ficar nos EUA. É mais relaxante para nós.
Tradução: CFTH Portugal
Adaptado para Português BR por: Naah - LdSTH
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